quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Perguntas que as pessoas me fazem

Como roteirista, recebo inúmeras perguntas sobre o meu roteiro. Faço questão de respondê-las carinhosamente e sempre as anoto. Depois de algumas anotações, resolvi publicá-las para que outras pessoas possam conhecer mais sobre este roteiro.

1) Em que você se inspirou para desenvolver o roteiro?


(Pela professora de Matemática Regina C. do Santos)

Resposta: “O DIA EM QUE A ESCOLA PAROU” foi o meu melhor e maior roteiro. Foi escrito em duas horas com uma idéia na cabeça “vou falar de Bullying só que de uma maneira leve e descontraída”; esta foi a fórmula. Os alunos da oficina (Desenrolo com o Cinema) fizeram um argumento sobre uma menina que estudava muito e sofria um enorme preconceito na escola; esta menina resolve se vingar soltando uma bomba na escola. Fui para casa pensando nesta storyline (resumo da história em apenas uma linha).

Tenho a mania de ler e ver coisas antigas; naquela noite eu li uma entrevista da grande novelista Janete Clair. Na entrevista, Janete dizia que a novela para fazer sucesso ela precisa ser um grande novelo de nós que vão se desatando ao longo da trama. Eu parei e pensei, uma menina somente vai deixar bem claro que é ela, então resolvi incorporar outras histórias de Bullying. Estas histórias é o que faz o diferencial do roteiro. Depois que a idéia veio à cabeça eu fui embora e terminei o roteiro.



2) Há algum ritual ou coisa parecida que você faz quando está escrevendo?

Resposta: Eu só escrevo bem, sem preocupações, sem nada me aborrecendo. Só escrevo num estado de espírito feliz. Tudo em nossa vida devemos colocar um pouco de felicidade. Estando feliz eu escrevo bem e rápido. O meu ritual é estar feliz. E tem uma condição, só escrevo pela manhã (das 8 às 11) e à noite (das 20 às 1) que são as horas que mais me inspiram. No caso deste roteiro, foi à noite.

3) Você se inspirou em alguém para escrever o personagem Diretor?


Resposta: Sim, certa vez eu li uma reportagem na Revista Nova Escola que dizia que todas as escolas sabem o que é Bullying, mas que nenhuma sabe como lidar com o mesmo, não sabem e algumas não fazem a mínima de aprender. Então eu pensei, vou fazer um personagem que represente o sistema falido de educação. Então eu criei o Diretor. Ele é um personagem que não tem nome justamente por isso, para não colocar o nome de Sistema de Educação eu preferi deixar sem nome. Os diretores que assistirem ao filme e se identificarem é porque está na hora de rever os conceitos; os diretores que não se identificarem, vai mais um exemplo pra nunca ser seguido.



4) Você se inspirou em algum professor para fazer o personagem do Professor?

Resposta: Sim, me inspirei em 90% dos professores que entram na sala de e reclamam da viagem, do salário e dos alunos. Certas frases são verdadeiros clichês como: “Vocês não prestam atenção, nem importo, no início do mês o meu dinheiro está no banco.” ou “Faço uma viagem para dar aula pra vocês.” e por aí vai. Resolvi criticar o outro lado da carteira através do péssimo professor.



5) Este é o seu primeiro roteiro? Se a resposta for não, qual foi o primeiro?

(Pergunta feita pelo aluno Marcos Vinícius da turma 2002)

Resposta: Não, o meu primeiro roteiro foi escrito no ano de 2008 e se chamava “A Bomba da Rabelo”. Este roteiro foi muito simples, se chamava “A Bomba da Rabelo” por que acontecia um atentado terrorista na Escola Municipal Eduardo Rabelo. Este roteiro me deu uma certa bagagem para escrever o meu segundo.


6) Qual é o melhor roteiro?


(Pergunta feita pelo aluno Marcos Vinícius da turma 2002)

Reposta: É difícil dizer, tanto o roteiro como qualquer obra de arte são como filhos que você gera. Não dá pra dizer se este ou aquele é melhor. Há diferenças, quando eu escrevi “A BOMBA DA RABELO” eu tinha 14 anos, não era tão maduro assim, por isso o roteiro é meio infantil. Já o segundo é mais complexo, já se passaram 2 anos e meio e eu amadureci mais. Fica pelo gosto da pessoa.



7)Quando você percebeu que tinha jeito para escrever?

(Pergunta feita pela aluna Thamires de Freitas da turma 2002)

Resposta: Quando eu tinha seis anos, a professora pediu para que escrevêssemos uma história qualquer. Na época repetia a novela “Roque Santeiro” no “Vale a Pena Ver de Novo” eu era louco por essa novela, não perdia um capítulo. Eu escrevi uma outra história usando o Sinhozinho Malta, a Viúva Porcina, Roque Santeiro e Florindo Abelha. A professora gostou muito e me devolveu o texto, naquela hora eu coloquei na minha cabeça que queria ser escritor. Pena que este texto não existe mais. Depois este sonho morreu e só voltei a escrever com todo o meu gás de 2008 pra cá.
 A novela "Roque Santeito" me encantou.

Sinhozinho Malta, Viúva Porcina e Roque Santeiro formaram o triângulo amoroso da trama.


8) Você se coloca no lugar de algum personagem?



(Pergunta feita pela aluna Grazielle Firmino da turma 2002)


Resposta: Não, se eu me colocar no lugar de algum personagem, vou puxar a sardinha para o lado dele. Então prefiro ser imparcial.

9) Qual o personagem mais complexo do seu filme? Qual o mais simples?


(Pergunta feita pela aluna Grazielle Firmino da turma 2002)

Resposta: Todos os personagens eu os vejo por igual. A diferença é que uns falam mais e outros falam menos. Há o núcleo que está presente no maior número de cenas. Todos são vistos por igual.



10) Você se baseou em alguma experiência pessoal para desenvolver o roteiro?

(Pergunta feita pela aluna Grazielle Firmino da turma 2002)

Resposta; Sim e não. Me baseei em coisas que durante os meus 11 anos de carreira escolar eu vi e ouvi de colegas meus.


11) Em que você se inspirou para desenvolver o famoso bordão “Passo Mal”?

(Pergunta feita pela aluna Grazielle Firmino da turma 2002)

Resposta: O Diretor era um personagem secundário até o momento que eu comecei a fazer. Comecei a inserir algumas coisas de brincadeira nos ensaios e o Roberto Melo (Diretor do Filme) foi gostando e pedindo que fizesse mais e o personagem foi crescendo. O “Passo Mal” foi de um cobrador de uma Van que viu uma menina andando pela rua e se pendurou na janela e grito: “Passo Mal”. Foi daí que nasceu o bordão.


12) Qual a cena mais emocionante do filme?

(Pergunta feita pelo aluno Wilton Barcellos da turma 2002)

Resposta: As cenas dos Bullyings são emocionantes. Eu tive que reescrevê-las inúmeras vezes. Para defender melhor os meus filhos (personagens).


13) Você transformaria o seu roteiro em um romance?

(Pergunta feita pela aluna Grazielle Firmino da turma 2002)

Resposta: Nunca pensei nessa possibilidade. Pode ser. O futuro dirá.


14) Que fonte você utiliza para desenvolver o roteiro?

(Pergunta feita pela professora de Língua Portuguesa Nara Fernandes)

Resposta: Este roteiro eu pesquisei na Internet para saber direito o que era Bullying. Eu sabia por alto então fui obrigado a pesquisar. As outras fontes são experiências próprias que formam a minha colcha de retalhos.

15) Você tem algum roteirista que te inspira?


(Pergunta feita pelo aluno Marcos da turma 2002)

Resposta: Desde criança eu sempre fui muito fã de Renato Aragão (somente Os Trapalhões) e Jerry Lewis; eles que me fizeram gostar de cinema e querer escrever para cinema. Agora além destes, eu admiro muito Glauber Rocha. Não posso deixar de incluir os autores de novelas Dias Gomes e Janete Clair que eu admiro muito. Adoro as peças de Miguel Falabella.


Os Trapalhões no filme que é a 6ª maior bilheteria do cinema nacional "Os Saltimbancos Trapalhões".

Jerry Lewis na primeira versão do filme "O Professor Aloprado"

Glauber Rocha, o grande nome do Cinema Novo.

Janete Clair e Dias Gomes - Mitos da Teledramaturgia Brasileira

Miguel Falabella na brilhante peça "Os Produtores".

 15) Que mensagem você deixaria para os expectadores do seu filme?


(Pergunta feita pela aluna Grazielle Firmino da turma 2002)

Resposta: A maior loucura é tentar ser normal num mundo de loucos. Que possamos ser pessoas loucas e disciplinadas, porque disciplina é liberdade.

Brevemente trarei mais curiosidades do filme "O DIA EM QUE A ESCOLA PAROU"...









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